Observatório Social apresenta análise da situação socioeconômica de Foz do Iguaçu

A sétima maior cidade ocupa a 90.ª posição em desenvolvimento no estado; estudo detalhado na ACIFI deverá ser levado a audiência pública.

10 de outubro de 2023 17:45

Apesar de ser o sétimo maior município em população, Foz do Iguaçu ocupa a 90.ª posição em desenvolvimento no estado, considerando o desempenho da renda, saúde e educação. Mesmo cobrando mais impostos na divisão por morador, Foz do Iguaçu não integra o ranking das 29 das cidades do Paraná com melhor qualidade de vida.

São constatações da análise comparativa de indicadores socioeconômicos elaborada pelo Observatório Social do Brasil – Foz do Iguaçu (OSB – FI). O levantamento, a partir de fontes oficiais de dados, foi apresentado à diretoria e ao Conselho Superior da Associação Comercial e Empresarial (ACIFI), nessa segunda-feira, 9, com a participação de controladores sociais.

A comparação toma por base seis cidades paranaenses com perfis populacionais e orçamentários similares, referenciais utilizados no meio técnico da gestão e da estatística. Os dados empregados incluem o Índice Ipardes de Desenvolvimento Municipal (IPDM), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a Secretaria do Tesouro Nacional.

No IPDM, que é o medidor de desenvolvimento do Governo do Paraná, a 90.ª posição de Foz do Iguaçu a deixa atrás de Maringá (6.ª), Cascavel (11.ª), São José dos Pinhais (35.ª) e Guarapuava (56.ª), e à frente de Ponta Grossa (118.ª). O indicador melhora no recorte de economia (34.ª) e piora em saúde e educação, em que a cidade fica nas posições 352 e 204.

“São dados que nos preocupam e, por isso, queremos debatê-los mais profundamente”, enfatizou o presidente do Observatório Social, Jaime Nascimento. “Solicitamos à Câmara de Vereadores a realização de audiência pública para esse diálogo amplo, pois é a participação da população que leva a uma cidade mais desenvolvida e evoluída”, frisou.

O objetivo da avaliação desse estudo é buscar soluções que tragam melhorias para a cidade, realçou o presidente da ACIFI, Danilo Vendruscolo. “São indicadores que nos impactam. Como sociedade civil e setor produtivo, vamos ampliar a discussão para que medidas sejam tomadas e nós consigamos avançar, melhorar a nossa situação”, expôs.

Objetivo é ampliar o debate com a comunidade, na busca de melhorias para Foz do Iguaçu – foto: Divulgação

Diagnóstico

O estudo foi apresentado pelo voluntário Haralan Mucelini. Ele chamou atenção para o baixo índice de emprego formal em Foz do Iguaçu (21%), na analogia com Maringá (37%), e a menor capacidade de investimentos, abaixo de 10% do orçamento, comparada a Cascavel. Sustentou que o crescimento demográfico iguaçuense é vegetativo – metade do percentual nacional.

O diagnóstico mostra que o orçamento municipal dobrou em uma década, passando de R$ 800 milhões, em 2013, para R$ 1,6 bilhão. Apesar disso, preocupa a elevada dependência das transferências do governo federal, que ficam perto de 50% e são suscetíveis a alterações dos cenários político e macroeconômico.

Desde 2017, na comparação com as demais cidades, Foz do Iguaçu tem a mais alta arrecadação por munícipe. “A receita municipal média é maior do que a apresentada por Maringá. Isso significa que o cidadão iguaçuense, proporcionalmente, paga mais impostos do que o cidadão maringaense”, contabilizou.

O controlador social ainda comparou o custo da administração municipal. “A remuneração média mensal de um servidor público em Foz do Iguaçu é de R$ 8,4 mil, resultado do valor da massa salarial e encargos dividida pelo número de servidores municipais. As outras cinco cidades analisadas ficam todas perto de R$ 6,5 mil per capita, muito abaixo de nós”, pontuou.

Orçamento robusto, alta tributação por morador e elevado encargo da máquina pública levam à interrogação sobre as entregas à população. “Os recursos estão sendo alocados eficientemente? Como sociedade, estamos recebendo o mesmo volume em serviços? Acreditamos ser pontos que devemos avançar no debate público”, asseverou Haralan Mucelini.

Indicadores oferecem uma análise comparativa do desemprenho de Foz do Iguaçu com cinco cidades de porte similar – imagem: Divulgação/OSB-FI

Soma das riquezas

Para examinar o Produto Interno Bruto (PIB) de Foz do Iguaçu comparativamente com o de outras cidades, salientou o integrante do Observatório Social, é necessário separar o valor adicionado de Itaipu Binacional. Com efeito, o valor per capita de Foz do Iguaçu é de R$ 35 mil, patamar aproximado à média nacionalmente aferida.

“Se o valor da Itaipu não for removido da conta, teremos o PIB da ‘Suíça’, o que não reflete a realidade social e econômica do nosso município”, ressaltou. “Lembramos que temos uma renda média de R$ 3,1 mil e informalidade gigantesca, um sério problema que a cidade precisa solucionar”, concluiu Haralan Mucelini.

O estudo está disponível em: fozdoiguacu.osbrasil.org.br.

O controlador social Haralan Mucelini apresentou o estudo do Observatório Social – foto: Divulgação

Homenagem

Na reunião, a ACIFI entregou medalha ao Observatório Social em Foz do Iguaçu como reconhecimento aos relevantes trabalhos e pela terceira conquista do prêmio nacional de boas práticas. A honraria foi entregue por Danilo Vendruscolo e o presidente do Conselho Superior, Rodiney Alamini, a voluntários, diretores, técnicos e parceiros da entidade de controle social.

(AI Observatório Social e ACIFI)

Foto da capa: Observatório Social apresentou o estudo na ACIFI, para lideranças empresariais e da sociedade civil – Divulgação

Mantenedores

ObservatórioSocial de Foz do Iguaçu

O OSB é uma instituição não governamental, sem fins lucrativos, disseminadora de uma metodologia padronizada para a criação e atuação de uma rede de organizações democráticas e apartidárias do terceiro setor. A Rede OSB é formada por voluntários engajados na causa da justiça social e contribui para a melhoria da gestão pública.

Rua Padre Montoya, 490 - Sala 13
CEP: 85.851-080
Telefone: (45) 3198-9185
E-mail: fozdoiguaçu@osbrasil.org.br